sábado, 7 de janeiro de 2012


Dos municípios da zona oeste, destaca-se Carapicuíba, não como “cidade do trabalho”, como Osasco é definida, ou cidade modelo para todo o Brasil, como Barueri é apontada. Mas como a cidade dormitório, quintal de Osasco, etc.
Em 16 anos que resido na cidade, vi grandes mudanças na cidade, vivi a época FUAD e vivo a época PT.
O chamado “bum” da classe C é visível por essas bandas, com IDH médio (Wikipédia), em Carapicuíba vemos a invasão de carros e motos zero km, a condição econômica da população sem dúvida melhorou, porém assim como a compra aumentou, vemos que o número de calotes também (para todo o Brasil), mas deixarei aos economistas porfiar sobre esse assunto.
Por volta de Abril de 2011, inaugurei o sebo 1977, não era meu projeto de vida, mas fui motivado por amigos aqui do bairro. Um sebo cheio de fotos, mapas e livros sem dúvida chama a atenção, em um bairro onde existem muitos mercados, bares e bazares. Porém tenho ouvido de muitas pessoas : “sebo? O que é um sebo? Sebo de vela? De Carneiro?”. Só a inocência das crianças permitiu que alguém me falasse realmente o que pensa sobre o sebo, um menino me disse : “ Ei Alan, porque você não vende salgados?Pipas essas coisas”? Realmente aqui o ponto não é bom, mas observei que tenho muitos potenciais clientes, na verdade acho que em todo Brasil um sebo tem potenciais clientes, pois como sabemos lemos muito pouco em comparação com outros países, mas sem essa velha história de apontar a Europa e os EUA como desenvolvidos, cultos e etc, basta olharmos para nossos vizinhos, hoje mais pobres que nós, mas que lêem bem mais.
Fiz o teste e comprovei que sim, o que mais falta é incentivo para a leitura aqui nessa periferia ainda em formação, nos últimos dois meses consegui que um menino lesse um livro inteiro, e consegui que outros dois lessem um gibi cada, e sem obrigar nem nada, algumas vezes tive até de ser chato e interrompê-los porque precisava fechar. Dinheiro? Não cobro nada deles, apesar de obviamente eles desgastarem os livros, mas evidentemente com o tempo eu irei ganhar, na verdade já ganhei clientes, mas observei que o principal motivo da aproximação deles e do interesse pela leitura, foi o fato de eu não ignorá-los e sempre acompanhá-los jogando futebol, andando de skate, combinando coisas, planejando passeios e partilhando dos problemas deles, ou seja, sendo realmente amigo.
Hoje tenho absoluta certeza que o projeto ler para a vida irá ter sucesso, mas existem barreiras a serem transpostas, a primeira consiste na ignorância da população, a segunda a questão dinheiro e a terceira espaço e estrutura, ainda será mantida a taxa de 4 reais por mês para cada criança, áqüelas que forem carentes não irão pagar nada. Para cobrir os gastos com as crianças carentes, estarei aceitando doações de livros e latas de refrigerante e cerveja. Já pedi em alguns locais que vendem lanches para separarem as latas e irei a mais locais.
O projeto Ler para a vida consiste em oficinas de leitura, aonde crianças não alfabetizadas irão ouvir histórias, e as já alfabetizadas terão incentivo para que não tenham preguiça para ler e serão apresentadas aos livros didáticos das séries seguintes.
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